Alguns pesquisadores levantaram essa polêmica do sobrenome do nosso descobridor na década de 1990. Para eles, havia duas evidências de que Pedro Álvares chamava-se Gouveia e não Cabral. Primeira evidência: em três documentos publicados entre 1497 e 1500, o rei de Portugal se refere ao descobridor como "Pedro Álvares Gouveia". Segunda evidência: de acordo com as regras genealógicas da época, apenas o filho mais velho poderia usar o sobrenome do pai. Pois bem: nosso Pedro Álvares era filho de Fernão Cabral e Isabel de Gouveia, e já tinha um irmão mais velho, João Fernandes Cabral. Pedro, então, teria de se conformar com o sobrenome Gouveia - pelo menos até a morte do irmão, o que só teria ocorrido em 1508 - oito anos depois do descobrimento, portanto. Parece que tudo se encaixa e Pedro Álvares seria na verdade Gouveia e não Cabral, né? Só que, logo depois de lançada a confusão do sobrenome, alguns historiadores mostraram que a história não era bem essa. "Naquele tempo, o nome da família do pai não era dado apenas aos primogênitos, como se pode ver em muitos exemplos práticos. Além disso, o nome Pedro Álvares Cabral já havia sido mencionado antes, em um documento de 1484", afirma o historiador português José Manuel Garcia, da Academia de Marinha de Portugal. Ou seja: antes do descobrimento, Pedro Álvares já havia usado os dois sobrenomes. Mas o sobrenome que passou para a história foi Cabral. Por isso, dá para dizer com certeza que quem descobriu o Brasil foi Cabral - e não Gouveia.